Visitas da galeria

terça-feira, 5 de março de 2019

eu acordei com as flores.

Flores,
Doces flores
As doídas lembranças
Dos piores horrores.

Pelo pátio sombrio
Um vento empoeirado
E o som agonizante
Do portão enferrujado.

No crematório abandonado
Espalhada pelo chão
Minha alma jazida
Trancafiada em um caixão.

Meu corpo, já frio;
Fedor de carne podre
Longa espera pra me tornar
Cinzas de carvão e enxofre.

Então começa a chuva:
Gotas acinzentadas
Entram pelas fendas
Nas janelas estilhaçadas.

Em passos silenciosos
Pelas poças de lamas

As almas se debatendo
Na corrida noite insana.