Flores,
Doces flores
As doídas lembranças
Dos piores horrores.
Pelo pátio sombrio
Um vento empoeirado
E o som agonizante
Do portão enferrujado.
No crematório abandonado
Espalhada pelo chão
Minha alma jazida
Trancafiada em um caixão.
Meu corpo, já frio;
Fedor de carne podre
Longa espera pra me tornar
Cinzas de carvão e enxofre.
Então começa a chuva:
Gotas acinzentadas
Entram pelas fendas
Nas janelas estilhaçadas.
Em passos silenciosos
Pelas poças de lamas
As almas se debatendo
Na corrida noite insana.